Sunday, September 24, 2006

Le Parkour Brasil- Edu

Eduardo Bittencourt

Tuesday, September 19, 2006

Parkour, Imagem e Internet

No Brasil, o parkour chegou pela Internet. Aliás, foi assim em quase todos os países. Alguns filmes também entraram em cena. Conhecer e começar a praticar uma atividade como essa apenas através da Internet ou após assistir a um filme de ficção é no mínimo uma novidade. Foi dessa forma que o parkour foi transmitido pelo mundo. Dessa forma e cada vez mais, o parkour distancia-se de competições e passa a ser mostrado, ser apreciado como um espetáculo. Isto está longe de ser a proposta do parkour. Mas como reagir diante de um vídeo de David Belle, perfeitamente editado, saltando de prédios, fazendo escaladas, correndo na selva? Essa é uma experiência empolgante, nos identificamos com ele e sentimos emoções únicas, queremos repetir aquilo que vimos e não o que aquilo significa.Surgem assim milhares de vídeos de parkour. Cada grupo que se organiza produz imagens em fotos e vídeos e as divulga na Internet. Repete-se assim a cena que despertou o interesse, só que agora, o protagonista é você. É claro que isso não se aplica a todos, mas trata-se também de uma tendência no parkour.Diferentemente do futebol que assistimos a um jogo, ou a ginástica que assistimos a uma apresentação técnica, no parkour, assistimos sempre edições dos melhores momentos. Produzir imagens e selecioná-las, decidir sua disposição no vídeo, etc, é uma produção carregada de desejos. O que queremos mostrar quando editamos um vídeo? E quando criamos um site? Porque cada grupo de skatistas não tem seu site? O parkour nasceu para o mundo assim e por enquanto ele continua sendo transmitido dessa forma. Você não compete no parkour, você produz um vídeo, é admirado pelos que assistem e fica querendo saber as opiniões. É como a maioria dos artistas que produzem sua arte. Assim como posso preferir um grupo de música a outro, posso gostar mais so caminho de um traceur que o de outro. O parkour como esporte competitivo perderia bastante dessa característica. Caso criássemos competições, com percursos definidos e dando a vitória àquele que o realiza-se mais rapidamente, perderíamos em muitos aspectos. A valorização da imagem no parkour prioriza a cena, a fantasia. Mas o parkour não é isso. As imagens incríveis que vemos são fruto de muito treinamento. Uma comparação com a ginástica olímpica, por exemplo, pode nos ser útil.Um atleta de ginástica começará com movimentos simples. São movimentos básicos que devem ser executados com perfeição para que se possa aprender o movimento seguinte. Existem movimentos que só irá treinar anos depois de ter iniciado sua prática. Essa é também uma característica das artes marciais e de tantos outros esportes que existem.No parkour isso pode ser diferente. Como disse antes, tendemos a reproduzir aquilo que vemos e não o que aquilo significa. A produção de imagens tem seu lado negativo principalmente neste ponto. É que mesmo sem técnica é possível saltar de três metros. Ao invés de tentarmos melhorar a distancia e altura de nosso salto, podemos filmar um salto sobre qualquer coisa. Ganhamos assim relativa liberdade, mas perdemos ou nos atrazamos no desenvolvimento pessoal referente ao parkour. O parkour vai além de cenas convincentes. Se ficarmos repetindo cenas que vemos em vídeos e se acharmos que isso é parkour emburrecemos. Perdemos a chance de criar e de nos desenvolver. Não precisamos valorizar apenas o prazer do reconhecimento do outro, a satisfação que isso proporciona. Existem outras coisas que podem valer mais a pena e que nem por isso deixam de enriquecer nossa auto-estima. Não precisamos também deixar de produzir nossas imagens e divulgá-las. Mas essa não pode ser nunca a razão pela qual se pratica parkour. As imagens nos empolgam, nos inspiram, direcionam o parkour num sentido artístico, mas vamos treinar que isso é mais empolgante. Abraço.